"Nadie enseña a nadie, con humildad para aprender, tod@s aprendemos de tod@s"
Para entender o grande negócio da Televisão Digital é preciso entender que o mercado mundial de televisão está dividido em duas grandes indústrias: Programação e equipamentos.
Enquanto a indústria de equipamentos busca soluções para a melhoria da qualidade da imagem, transmissões, fluxo de sinais e facilitar a produção, a indústria de programação tem o objetivo de viabilizar economicamente o negocio através da venda dos produtos televisivos gerados.
As grandes feiras mundiais de equipamentos apresentam tendências de inovação que , na verdade são as apostas da industria para aumentar suas vendas, e muitas vezes não representam exatamente o que o mercado profissional irá consumir imediatamente, pois depende exclusivamente de quem vai comprar seus produtos.
Desta forma as soluções técnicas, mostram a capacidade da indústria em inovar, porém dependem do mercado de programação para a viabilização do uso em escala suficiente para cobrir os custos de implantação.
A consolidação da televisão em alta definição em escala mundial, inclusive no mercado doméstico, tem gerado uma corrida para a renovação do parque técnico instalado na maioria das emissoras e produtoras, uma das maiores mudanças já ocorrida desde o advento da TV em cores.
Já é um grande negócio gerando bilhões de dólares, em todo o mundo, com inovações que atingem toda a cadeia produtiva da área, desde câmeras, switchers, equipamento de exibição até a área de transmissão terrestre e por satélite.
Todas as produtoras emissoras do mundo, que ainda não trabalham em alta definição, têm um plano de investimento em novos equipamentos.
Essa tecnologia começou a ser estudada há mais de 20 anos, ainda de forma analógica, e só ganhou um grande impulso depois uma grande mudança na industria de televisão em geral: a decisão de dois grandes mercados pela troca das transmissões analógicas pela digital: o mercado europeu e o norte americano
Um dos fatores motivadores dessa mudança foi a necessidade de otimizar o uso do espaço eletromagnético para as transmissões de televisão terrestre, que já estava saturado com as transmissões analógicas.
Transmissão terrestre é aquela que ofertada para o consumidor sem nenhum tipo de custo, ou seja, aquele tipo de transmissão que deu início à televisão, é o que chamamos de TV Aberta.
Com a transmissão digital uma emissora ocupa no mínimo a metade do espaço, permitindo dobrar o número de canais e com imagem de alta definição
Na verdade, seria possível ampliar em até 6 vezes o número de canais sem a utilização da alta definição
Mas aí entra a questão da indústria de programação nos mercados europeu e norte americano, que já tem muita oferta de conteúdo, não tendo a capacidade de vender 6 vezes mais canais e a alta definição foi a grande novidade oferecida ao consumidor: TV com qualidade próxima a cinema, diretamente na sua casa, e sem custo.
Por isso a transmissão em formato standard, com qualidade digital, mas sem alta definição, tem tido um uso bastante restrito, quase que somente para área educativa, ela é chamada de multiprogramação, pois no espaço de um único canal podem ser apresentados 4 a 6 canais, dependendo do sistema escolhido.
NO BRASIL
No Brasil a troca da transmissão analógica pela digital, passou por uma grande discussão no campo técnico e político, inclusive com a criação de um sistema técnico próprio, uma adaptação otimizada do sistema japonês, que hoje serve como referência para os sistemas europeu e norte americano.
Com um cálculo aproximado de 100 bilhões de dólares, a implantação tem um prazo até 2016 para ser concretizada, mas seguindo os exemplos internacionais, devemos ter um atraso entre 2 e 3 anos , no mínimo, para que as pequenas emissoras tenham tempo para fazer os investimentos necessários, bem como os consumidores para adquirirem conversores ou televisores digitais, se bem que a Copa do Mundo de 2014 e as Olimpíadas de 2016 serão um grande impulso para que o prazo possa ser cumprido próximo da meta.
A questão da multiprogramação, que criaria a possibilidade de aumentar a oferta de conteúdo gratuito, foi vencida por uma questão política, e depende hoje de aprovação de projetos específicos de uso.
Uma das alegações é que parece que a grande maioria dos radiodifusores tinham a intenção de alugar os espaços para a emissoras religiosas e canais de vendas, tendo a intenção de utilizar apenas um ou dois canais, passando assim a capacidade de ofertar canais a iniciativa privada, sem a intervenção do governo federal e de aprovação pela câmara dos deputados.
Independente do uso , isso iria criar um grande mercado para novas produções, inclusive incrementar a produção independente em nosso país, e gerar milhares de novos empregos, pois se compararmos a nossa realidade com a de grandes mercados que estão saturados de emissoras, temos uma oferta muito pequena de conteúdo devido a dificuldades administrativas e políticas para conseguir a autorização necessária para a criação de um canal de televisão na TV Aberta.
Outra alegação, que foi objeto de grande pressão política, é que o mercado publicitário seria pulverizado com um maior número de canais, porém muitos canais novos, informativos e mesmo de entretenimento, tem sido criados na TV Fechada, e é claro , com custo para o consumidor.
Duas são as maiores inovações do padrão brasileiro de televisão, uma é a questão da interatividade com um novo software desenvolvido especialmente no Brasil, o Ginga, que tecnicamente é um conjunto de ferramentas e chamado de Midlleware, que contou com a colaboração de aproximadamente 1.400 pesquisadores de universidades brasileiras durante o últimos 10 anos e outra a questão da portabilidade que permite às própria emissoras transmitirem para equipamentos portáteis, em outros países essa transmissão é feita através das operadoras de telefonia, não sendo portanto gratuitas.
A interatividade na Televisão Digital foi e tem sido, um grande motivo para discursos da importância da implantação no Brasil.
Porém muito se fala , mas de forma prática pouquíssimas soluções tem sido apresentadas , tanto que na última feira Broadcast & Cable, realizada em São Paulo, em agosto de 2010 somente uma empresa tinha um stand com soluções para a interatividade na TV Digital.
Uma das razões também é a grande demora do governo brasileiro em aprovar as normas para uso do software e suas aplicações, bem como do chamado canal de retorno, ou como os equipamentos de TV Digital podem enviar informações para a emissora em casos como compra, cadastros, etc.
Em alguns meses devemos ter finalmente alguns serviços interativos como a previsão do tempo, noticias, catálogos de compras e serviços bancários, diretamente na tela de nossas TV´s e outros tantos serviços em equipamentos móveis
INOVAÇÕES DUVIDOSAS
Depois de vender bilhões em equipamentos de alta definição, a indústria necessidade de novos produtos inovadores, tanto que a televisão 3D foi a grande vedete da maior feira de televisão do mundo, a NAB 2010 em Las Vegas, todos os grandes fabricantes apresentaram soluções e mesmo empresas pequenas não quiseram ficar de fora, apresentando protótipos.
Os equipamentos para a gravação profissional em 3D ainda parecem traquitanas e necessitam de aprimoramento, mas se aprovados na área de programação e consumidores, vão gerar grandes investimentos em toda a cadeia produtiva de Televisão, pois funcionam como duas gravações em alta definição paralelas, ou seja, vão necessitar de equipamentos com maior capacidade de processamento, armazenamento, exibição, transmissão, televisores, treinamento de técnicos, etc. enfim será uma nova festa de bilhões de dólares, mas deve demorar pelo menos 10 anos.
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